quinta-feira, 15 de maio de 2014

Projeto Pensamento e Vida - Capítulo 1 - O Espelho da Vida




Descobrindo o espelho

“A mente é o espelho da vida em toda parte”. Com essas palavras Emmanuel começa a entrelaçar, qual habilidoso tecelão, os fios multicoloridos de diversos conceitos essenciais à dinâmica do mundo espiritual.

O produto desse tear é uma elaborada rede de informações, cujas implicações repercutem diretamente em nossa realidade física.

De início temos o conceito de Mente, a qual, segundo o benfeitor, deve ser entendida como “o campo da nossa consciência desperta”, variando de acordo com a faixa evolutiva em que nos encontramos.

A "face do espelho" é o Coração. Em linguagem figurada, utilizada também pelo judaísmo, Emmanuel se refere aqui ao local que representa a sede das emoções, da razão, da inteligência do homem.

O Cérebro é definido como o "centro das ondulações”, ponto no qual se gera o pensamento, descrito como "a força que tudo move".

Já o reflexo no espelho é um “esboço da emotividade”, responsável por plasmar a Ideia.

A Ideia por sua vez “determina a Atitude e a Palavra que comandam as nossas Ações”, as quais podem tanto nos aprisionar quanto nos libertar  “válvulas obliterativas ou alavancas libertadoras da existência”, nos dizeres do benfeitor.


Vigiai

Para entender melhor essas noções iniciais, imagine-se diante de um espelho. 

Aquilo que você vê representa a forma como percebe a vida como um todo, incluindo os aspectos físicos e espirituais. 

As dimensões do espelho serão proporcionais ao grau de despertamento da sua consciência: quanto mais desperta, maior a superfície do espelho, consequentemente, mais amplo o campo de visão que ela engloba.

A definição da imagem refletida está ligada ao coração, à emotividade. É ela que cria as ideias, as quais dão origem a atitudes e palavras, e estas desencadeiam as ações.

O ciclo iniciado pelas emoções condicionam, portanto, as ações.

Considerando que todos estamos sujeitos à lei de causa e efeito, é primordial prestar atenção aos próprios sentimentos. Essa necessidade de cuidado constante pode ser entendida como o "vigiai" a que se refere o Cristo, em sua recomendação sobre "vigiar e orar".

No Evangelho, aliás, Jesus ensina que “da abundância do coração fala a boca” (Mt, 12:34).

Dessa lição se tira que é imprescindível estar atento a todo instante às emoções, para que as mesmas sejam sempre positivas, criando reflexos igualmente positivos no espelho da nossa vida.

Nossas ações são reflexos do que há em nosso coração; mas reflexos imperfeitos, relativamente indefinidos, vez que são apenas esboços.

Com isso, Emmanuel sugere que nosso espelho ainda não é capaz de comportar imagens de nitidez cristalina, em razão nos encontrarmos nos estágios iniciais de desenvolvimento espiritual.

Aos olhos de Deus e de Jesus somos, pois, pequenas crianças.

Ainda assim, as ferramentas para nosso desenvolvimento já estão à disposição, através dos ensinamentos transmitidos pelo Cristo e seus colaboradores ao longo da história.


Interdependência e repercussão

Segundo Emmanuel, a vida como a percebemos é formada não apenas por aquilo que observamos em nosso próprio espelho individual, mas também pelas imagens que se encontram nos espelhos dos outros, as quais se interferem mutuamente. “Assinalamos, todos nós, os reflexos uns do outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação”, afirma.

Todo reflexo, toda imagem, porém, desloca-se e renova-se incessantemente pela face do espelho da vida. Tudo no universo está em movimento. Do átomo ao cosmos tudo vibra, se movimenta, se influencia reciprocamente, de maneira que as imagens que projetamos influenciam e repercutem nas imagens que os outros projetam sobre nós.

É o que o benfeitor denomina de "princípios de interdependência e repercussão". Todos os fatos da vida, da Criação em suas múltiplas camadas, estão interconectados, reforçando a ideia, enfatizada também no Livro dos Espíritos, de que o acaso não existe (L.E., Questão 08).


Em direção a Deus

De acordo com Emmanuel, dentre incontáveis outras atribuições, o Cristo é responsável pela "lapidação" da mente humana, conduzindo-nos em direção a Deus. Desse modo, seu trabalho consiste em lapidar o espelho da vida em toda parte.

Em outras palavras isso significa que Jesus, sublime artesão, modela todos os aspectos do espelho da vida: amplia a sua superfície, desenvolvendo o campo da nossa consciência desperta; torna as imagens mais belas e plenas de significado, modificando nosso coração, nossa emotividade; dá contornos mais nítidos aos reflexos, fazendo-nos perceber, pela ótica do Amor, aquilo que está sendo refletido, e assim por diante, numa espiral de virtudes que se estende ao infinito.


Sob a Égide do Cristo

Jesus aprimora maneira pela qual compreendemos a realidade como um todo.

Uma vez lapidados pelo Cristo, passamos a enxergar de maneira completamente nova os reflexos que surgem no espelho da vida.

Somente nesse instante, quando abrirmos nosso coração ao coração do Cristo, quando nossas palavras e atitudes estiverem sintonizadas com as palavras e atitudes do Cristo, começaremos a desenvolver uma sensibilidade especial às imagens que projetamos e recebemos: conseguiremos enxergá-las com “olhos de ver”  ainda de maneira imperfeita, é verdade, sem todas as cores, sem um foco preciso, mas com imenso potencial para a percepção da realidade grandiosa que nos cerca, como um recém-nascido que pela primeira vez abrisse os olhos ao mundo.

Tudo isso diz respeito ao coração, figurativamente falando. A sede da emotividade, porém, está diretamente ligada ao centro de suas ondulações, o cérebro.

A esse respeito, a neurociência mostra que as emoções têm sua parcela de racionalidade, e que a razão também é emotiva. Isso nos dá a dimensão da importância da relação entre cérebro e coração, tanto no plano físico quanto no espiritual.

O cérebro, de acordo com Pensamento e Vida, é o motor das engrenagens modificadoras da realidade, uma máquina capaz de movimentar as mais poderosas energias conhecidas. A maneira como isso acontece é o que veremos no próximo post.



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